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Textos Exclusivos a Médicos Veterinários
Eletrocardiograma

Eletrocardiograma
Estes resumos foram produzidos para nos atualizarmos e estudarmos os assuntos em pauta. Originalmente não foram montados para a divulgação, mas tendo-os prontos resolvemos colocá-los à disposição.
Temos consciência que em algumas das especialidades em que já há algum tempo atuamos existe ainda uma falta muito grande de informações disponíneis.
Os dados de cardiologia aqui contidos nos foram fornecidos pelo amigo e querido orientador Prof. Dr. Aparecido Antonio Camacho, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP- Jaboticabal – SP.
Não hesite em entrar em contato conosco, teremos o máximo empenho em lhe auxiliar da melhor forma possível.
Indicações do Eletrocardiograma
Se você escolheu como animal de estimação um exemplar de cão, gato, macaco, ferret, gambá, lontra, ou qualquer outro mamífero, e ele estiver em uma destas condições, recomendamos que passe por um ECG (Eletrocardiograma):
- Idade de seis anos ou mais ( anualmente)
- Animais com dentes sujos e doença peri-odontológica
- Animais que apresentaram doenças purulentas:
- Piodermatites
- Piometra
- Abscessos de pele ou dente ou próstata
- Início agudo de dispnéia ( dificuldade respiratória.)
- Choque, coma, estupor.
- Síncopes ( desmaios) e convulsões.
- Congestão e cianose ( mucosas azuis)
- Trauma toráxico: atropelamentos, brigas com cães maiores.
- Doenças sistêmicas:
- Miocardite tóxica
- Arritmia
- Pancreatite
- DRC ( Doença Renal Crônica) com uremia
- Neoplasias (tumores)
- Torções gástricas
- Alterações cardíacas:
- detectável na auscultação
- feita na consulta do seu médico veterinário:
- Freqüência cardíaca
- Ritmo cardíaco
- Murmúrios cardíacos
- Cardiomegalia detectável em raio-X toráxico.
Critérios para leitura de um ECG
- Calcular a freqüência cardíaca.
- Deterninar o ritmo cardíaco.
- Medir os complexos e intervalos, segmentos.
- Examinar todas as derivações de membros
- Determinar o eixo elétrico médio
- Analisar todos os itens que fugiram à normalidade
- Concluir e dar seu diagnóstico analizando sempre "O TODO".
Embora sejam estas regras as mais simples possíveis, temos visto muito erro de interpretação por negligência, principalmente do último item.
Analisar-se o todo e dar um diagnóstico de partes é, infelizmente, um erro bastante comum.
Como pode, por exemplo, um animal com o sistema nervoso autônomo parasimpático ativado ter uma cardiopatia funcional???
"- Trata-se de um animal cardiopata com bloqueio sinu-atrial, com alargamento de câmara ventricular, hipóxia de miocárdio, com arritmia sinusal respiratória e marcapasso migratório".
Simplesmente não pode!!! Então, ao encontrarmos estes sintomas associados, nosso diagnóstico deveria ser:
-"Trata-se da animal funcionalmente equilibrado quanto aos aspectos analisados embora tenhamos encontrado sinais que comumente indicam alargamento de câmara ventricular, hipóxia de miocárdio, bloqueio sinu-atrial..."
Concluindo podemos dizer que fazer uma fita de ECG é muito fácil, e barato, qualquer pessoa com um dia de treinamento o faz com verdadeira perfeição. Existem hoje até máquinas que junto com a fita já dão as medidas das ondas e ritmos, mas entre isto e um diagnóstico existe muita diferença.
O diagnóstico é dar-se um parâmetro da leitura correta de todos os dados para o paciente como um todo.
É este ao nosso ver o aspecto que diferenciará um leitor de ECG de um cardiologista de verdade!
Padrões de Normalidade para Cães e Gatos
- Freqüência: (7-7)
- Observamos:
- Se a velocidade é de 50 mm/segundo, teremos:
3000 mm = 1 minuto e
1 mm = 0,02 segundo.
- Mas se a velocidade é de 25 mm/segundo:
1500 mm = 1 minuto e
1 mm = 0,04 Segundo
- Cão: 70 a 130 bpm
- Filhotes:70 a 220 bpm
- Toys: 70 a 180 bpm
- Gigantes: 60 a 140 bpm
- Gato: 120 a 240 bpm, normal de 197 bpm
- MEDIDA DAS ONDAS
- Eixo Frontal em DII
- Onda "P"
- Tempo:(1-3) Voltagem:(1-2)
- Cão <= 0,04 segundos e o,4mV
- Gato:<= 0,04 segundos e 0,2mV
- As ondas do "qRs"
- Onda "q"
- Tempo(4-6 ) Voltagem(4-5)
- "q" < 0,5 mV para o cão e gato
- Onda "R"
- Tempo(6-8 ) Voltagem(6-7)
- "R" > 4 "T" Cão
- Somatória "R" em DI e aVR < 4 mV
ou
"R" > 3 "T" gato.
- Onda "s"
- Temp(8-10 ) Voltag(8-9)
- "S" < 0,05 em DI
- "S" < 0,35 em DII,
- "S" < 0,8 em V2
- Gatos:
"S"< 0,5 mV em DI, DII, DIII e aVF
- Complexo "qRs"
-
Tempo: (4–10)Voltag(5–7)
- Cães:
- Peqnos: 0,05 Segundos e 2,5 mV
- Grandes : 0,06 Segundos e 3 mV
- Gatos: <= 0,04 Segundos e <= 0,9 mV
5
- Onda "T"
- Tempo: (10 – 13) Voltagem: (11 – 12)
- Cães:
- Positiva, negativa ou bifásica
- Mas até 25% da onda "R" na voltagem.
- Gatos:
- Positiva, negativa ou bifásica
- Mas até 33% de "R" ou <= 0,3 mV
- Intervalo "PR":
- Tempo: (1-4)
- Cão: 0,06 a 0,13 Segundos
- Gato: 0,05 a 0,09 Segundos
- Intervalo "ST":
- Diferença entre o eixo 3-4 ( eixo referência = zero) e o eixo 10-11
- Cães:
- Gatos:
- ø ou sem depressão ou elevação
- Intervalo "QT":(4 – 13)
- Cão: de 0,15 a 0,25 Segundos
- Gato:0,12 a 0,18 segundos com FC Normal.
- C - DERIVAÇÃO
- "rV2" :
- Cão:
- "T" positiva
- "R" < 3 mV
D
- Derivação "V2"
- Derivação: "V4"
- Derivação "V10"
- Cão:
- QRS = negativo
- Onda T = negativa (exceto para Chihuahua)
- Gato:
- onda "T" = negativa
- R/Q < 1,0
G
Ritmos Cardíacos
- Ritmo SINUSAL:
- Com toda onda "P" levando a um "qRs"
- Arritmia Sinusal Respiratória (ARS):
- variação entre o tamanho das "RR", o ritmo aumenta na inspiração e diminui na expiração.
- Marcapasso migratório: variação de voltagem de "P"
- Observamos que ambos não são indício de doença mas sim refletem ativação do SNA (sistema nervoso autônomo) parassimpático.
- Lembramos que as cardiopatias ativam o SNA simpático.
- Ondas fora do padrão:
- Bloqueio Sinusal, Parada Sinusal, Paralisia Sinusal
"Sinus Arrest"
- O nodo sinusal não está funcionante, inexiste contração atrial.
- Contração Atrial prematura (CAP)
- Extrassístole atrial com pausa compensatória. Existência de foco atrial ectópico criando CAP, no ECG formam as ondas "p’" (pê linha).
- Complexo ( ou Contração) Ventricular Prematuro (CVP)
- Extrassístole prematura, seguida de pausa conpensatória, ocorre por erro no transporte da onda elétrica formando um complexo errático, bizarro, que se tender a ser positiva indica foco no ventrículo direito, se negativa no esquerdo.
- Bradicardias:
- Ritmo inferior ao estabelecido como normal fisiológico para a espécie.
- Bradi Sinusal:
Ritmo sinusal com freqüência cardíaca baixa.
- Estímulo vagal, Lesão SNC, Kou¯, ¯Ca, anestesias gerais como o uso de Xylasinas, TônusVagal, Toxemia, DRC.
- Tratamentos quando associado a síncopes: Atropinização, Isoproterenol, aplicação cirúrgica de marcapasso.
- Ritmo Nodal ou de Escape Juncional ou Anormalidade Condução do Impulso Juncional (nóduloAV) ou Taquicardia Juncional:
- "P" negativa depois de "R" de escape, "P" antes ou depois de "R", PR encavala e menor que a normal.
- 4- Arritmias
- Variação "RR" > 10%.
- Bloqueio Sinusal ou Bloqueios Supra Ventriculares:
- Ocorre quando há uma falha na passagem AV, o nódulo SA não passa o impulso elétrico e este tem de iniciar-se em outro foco que o da a despolarização atrial, impondo-se um escape, ou seja, outra estrutura assume o ritmo.
- Bloqueio Atrio Ventricular (BAV):
- Bloqueio Sino-Atrial ( BSA)
- Bloqueio do nódulo atrio ventricular impedindo a passagem do impulso elétrico dos átrios para os ventrículos.
- BAV 1º grau
P-R > 0,13 mas toda onda "P"leva a um qRs.
- BAV 2º grau:
Existe "P" sem induzir QRS, apresentando dois Mobitz:
- Mobitz tipo 1
PR vai aumenta até não mais existir o qRs.
- Mobitz tipo2
PR é constante, existência de bigeminismo: alternância de batimentos sinusais e contrações ventriculares prematuras (CVP).
pode ser 2:1, 3:1, 4:1 , ou seja, 2,3 ou 4 "P" para 1 qRs respectivamente.
- BAV 3º grau:
Átrio em 1 velocidade e o ventrículo está em outra, sem ligação.
- Taquicardias:
Ritmos superiores ao estabelecido como padrão para a espécie.
- Taquisinusal:
Rítimo elevado mas sinusal.
- Ocorre em dor, exercício, excitação, febre, hipertireoidismo, anemia, infecção, choque, ICC, hipóxia, atropina, epinefrina, choque elétrico, hexacolorofeno.
- Taquiatrial ou Taqui-supraventricular
- O ECG com excesso de "CAP" , pode aparecer ou não as ondas p’ mas o RR é sempre constante.
- Pode ser Sustentado: não existe onda normal, ou Não Sustentado: quando existe onda normal. Ritmo , reentrada.
- Fluter Atrial
( Também é uma taquisupraventricular)
- Várias ondas "p’" seguindo um complexo "qRs", ondas "p"em dente de serra impondo um ritmo atrial regular,
- Fibrilação Atrial
( Também é uma taquisupraventricular)
- O átrio encontra-se em estado de contrações extremamente aceleradas e improdutivas, não aparecem ondas "P" ou podem aparecer apenas p’, mas "RR" é sempre constante .
- Comum em dilatada, mitralis, "R" irregular, "qRs" largo, sem "P":
- Bigeminismo Ventricular:
- Alternância de batimentos sinusais e CVP com intervalo constante entre um e outro nas razões de 1:1, 2:1, 3:1, etc. O batimento sinusal está relacionado com o foco ectópico do ventrículo, ou seja, as ondas CVP são desencadeadas pelas ondas "P" sinusais que as precedem imediatamente.
- Taqui-ventricular:
- Freqüência aumentada, com CVP largos e espessos, não se distinguem ondas "T" ou segmentos "ST", ondas "P", se existirem, serão englobadas pelos CVP.
- Pode ser:
- Sustentado:
não existe onda normal
- Não Sustentado:
Quando existe onda normal. Ritmo de reentrada, ritmo sinusal com uma ou salva de extrassístoles ventriculares, o gráfico vem com um ritmo normal mas é intercalado por CVP, voltando depois ao normal.
- Fibrilação Ventricular:
- Freqüência rápida, elevada, ritmo irregular, não existindo distinção entre os vários complexos qRs, facilmente termina em assistolia fatal.
- Indicação de uso endovenoso de lidocaína URGENTE.
- Assistolia ou parada cardíaca:
Não existem ondas, ECG reto e contínuo, tendendo para óbito.
Patológias Cardíacos do Gato
- Miocardiopatia hipertrófica:
- Doença cardíaca mais comum no gato, ocorre mais em machos, adultos jovens. Etiologicamente foram encontrados componentes genéticos. Provoca uma disfunção diastólica, hipertrofia ventricular esquerda grave comprometendo a distensibilidade. Provoca alargamento AE. Apresenta sinais de sopro ou ritmo de galope, ICC, principalmente esquerdo e paresia do posterior por tromboembolismo. Mostra ao Rx o coração de São Valentino, ao ECG alargamento VE, bloqueio de fascículo anterior esquerdo, arritmias atriais e ventriculares, hiperplasia excêntrica do VE ao eco.
- Miocardiomiopatia dilatada:
- Trata-se de uma doença de cunho nutricional: deficiência de taurina (metionina). Caracterizada por disfunção sistólica e diminuição da contrativade das quatro câmaras. Os abissímios, Siameses e Birmaneses são bastante susceptíveis. Provoca abafamento de bulhas, bradicardia, atrofia de retina. Ao ECG mostra alargamento VE, bloqueio de ramos, arritmias ventriculares, ao eco dilatação, hipocinese de VE e regurgitação da mitral.
- Miocardiopatia restritiva:
- Disfunção tanto sistólica quanto diastólica, com hipertrofia VE moderada, alargamento severo do AE e fibrosamento do VE. Acomete gatos de meia idade e velhos.
- Miocardite Hipertrófica por hipertireoidismo:
- Doença do gato velho que volta a brincar. Provoca sopro sistólico, ICC freqüente, ritmo de galope, pulso femoral hipercinético, sinais semelhantes aos da diabetes doce: polifagia com emaciação, poliúria, polidipsia; presença de nódulos na tireóide, emese. Mostra ao ECG uma taquisinusal com arritmias, alargamento VE, distúrbios de condução VE. Ao eco, sinais semelhantes à miocardiopatia hipertrófica. São exames importantes: T3, T4, iodo radioativo, glicemia.
Patológias Cardíacos do Cão
CONGÊNITAS:
Acometem cães novos, conferindo sintomas de sopros, retardo de crescimento, policitemia, cianose, sinais clínicos de ICC.
São as principais:
- Persistência do ducto arterioso
- Defeito do septo atrial
- Defeito do septo ventricular
- Estenose da aórtica
- Estenose da pulmonar
- Displasia de válvulas tricúspede ou mitral
- Tetralogia de Fallot
ADQUIRIDAS:
Acometem cães mais velhos que as adquiridas.
- Endocardiose ou Fibrose da mitral:
- até 50% das cardiopatias, típica de animais velhos, raças pequenas, poodle fêmea, não é infecciosa, mas um processo degenerativo de causa desconhecida Provoca sopro, alargamento AE e VE, tosse alta, muita tosse. Pode causar ruptura do AE por lesão mecânica "Jet lesion". Ocorre mais em machos e de raças pequenas. Ao eletro uma evidente "P" mitralis, alargamento VE.
- Endocardite ou pólipos valvares:
- Mais rara, doença infecciosa por Streptococcus spp ou Staphylococcus spp mas também Klebsiella, Pseudomonas, Enterobacter transmitida por metástases de processos dentários, genético/urinários, prostáticos, pode acompanhar uma endocardiose. Quadro súbito com febre, dispnéia, raramente dando ao ECG arritmias e sopros. Acompanha quadro hemático de leucocitose com neutrofilia, causando morte súbita.
- Cardiomiopatia dilatada Miocardiopatia Dilatada Congestiva Idiopática)
- Provoca por contractilidade insuficiente fraqueza, colapsos, perda de peso, anorexia, ICCD, ICCE, síncope, morte súbita, obnubilação, arritmias, etc. O animal visivelmente perde musculatura enquanto ganha peso. Comum no Cocker Spaniel, e cães grandes tipo Pastor alemão, Dinamarquês, maior na faixa etária de animais em crescimento. O ECG: alargamento das câmaras, arritmias tipo Taqui-ventricular irreversível por irritabilidade AE causada por uma distensão maior que 50%. Classicamente alargamento das quatro câmaras. Indicação para Holter.
- Efusão do saco pericárdico e tamponamento cardíaco:
- Trata-se de um derrame no saco pericárdico por sangue, pús, linfa, tumores, o que implica em diminuição do volume ejetado causando sintomas de ICCD principalmente. Bastante comum no Pastor Alemão, Boxer, Buldog, Boston Terrier com sinais de fraqueza, dispnéia, abafamento de sons cardíacos.
- Dirofilariose:
- Doença obstrutiva, parasitária transmitida por um mosquito.
- Os animais se alojam nas artérias pulmonares e coração direito.
- Comum em regiões litorâneas ou em animais que freqüentam praias (férias, campings). Causa doença valvular pulmonar, injúrias endoteliais, hipertensão pulmonar, hipertrofia VE, ICCD, síndroma da veia cava com dificuldade respiratória, letargia, perda de peso, ascite e efusões, hemoptise.